Familiares das vítimas do voo 447 são abandonados.
Por George Hatcher
Familiares das vítimas do voo 447 são abandonados juntamente com as buscas.
Todos os homens e cavalos do rei não são capazes de encontrar as caixas pretas do voo 447 da Air France.
Será verdade que desistiram das buscas? Como pode ser que, com toda a tecnologia à nossa disposição em 2010, tantas partes do avião ainda estejam desaparecidas? E a fuselagem? E as caixas pretas?
Nelson Marinho, presidente da associação de familiares das vítimas, tem sido citado comentando que eles (os que fazem as buscas) não querem encontrar as caixas pretas. É um ponto um tanto válido, visto que as caixas pretas contêm informações que certamente implicariam aqueles que estão pagando pelas buscas. Da Air France, 18,6% pertencem ao governo da França, enquanto que o resto está nas mãos de investidores privados. Será que eles realmente querem encontrar evidências que responsabilizariam a Air France (e, por conseguinte, o governo francês) por manutenção negligente, colocando na berlinda todo o paradigma da tecnologia fly-by-wire? Será que eles realmente querem mais evidências da responsabilidade da Thales (a empresa francesa que fabricou os tubos de pitot, sendo que 27% da empresa também pertence ao governo da França)? E não estou absolutamente certo quanto aos números, mas, até 2007, o governo francês possuía pelo menos 15% da EADS, consórcio controlador da Airbus.
O site da BEA, curiosamente, não diz nada sobre a atual situação das buscas e a última informação data de meados de maio.
Em minha opinião, é improvável que as caixas pretas, onde quer que estejam, tragam qualquer nova informação sobre o acidente. Elas, muito provavelmente, apenas corroborariam as evidências já disponíveis, que apontam a falha do tubo de pitot. Ainda assim, cada pedaço de informação é relevante. Até agora, parece que a fuselagem chegou intacta ao mar, em uma queda vertical. Os destroços recuperados mostram danos por excesso de pressão e nenhum sinal de fogo ou explosão.
A despeito do que mostrem as evidências, a fase três das buscas pelas caixas pretas resultou completamente infrutífera.
Não é como se encontrar as caixas pretas fosse trazer os mortos de volta, mas a busca poderia ao menos fornecer algumas respostas.
228 pessoas morreram. Famílias perderem seus entes queridos. Não por três meses ou por um ano. Essas perdas serão sofridas pelas famílias por toda a eternidade. Seria muito mais que reprovável a Air France e a Airbus desistirem das buscas antes de pelo menos um ano. Será que as famílias não merecem respostas?